O desinteresse na profissão de caminhoneiro já se tornou um problema. Afinal, a falta de motorista já é realidade no Brasil e em outras partes do mundo, como Estados Unidos e Europa, por exemplo. Mas quais os principais fatores que provocam a falta de motoristas e o desinteresse dos jovens pela profissão?
Aumento dos custos, valor do frete, prazos apertados, estradas perigosas, pedágios filas de espera para carga e descarga, falta de segurança, são alguns dos fatores de desinteresse na profissão de caminhoneiro e que tornam a vida do carreteiro uma dura e pesada jornada cheia de desafios a ser vencida diariamente.
Além disso, essas situações que cercam o cotidiano dos profissionais do volante transformaram a profissão numa das mais estressantes e causadoras de doenças físicas e emocionais. Lidar com condições extremas de trabalho pode causar muito mais do que simples dores de cabeça aos motoristas.
De modo geral, não raramente o caminhoneiro é apontado como um tipo de “vilão da estrada”, aquele que usa drogas, ingere bebidas alcoólicas, provoca acidentes e contribui para o congestionamento nas grandes cidades. Porém, pouca gente se lembra que todo tipo de mercadoria chega aos seus destinos por caminhão.
Para manter a logística eficiente no País, o motorista de caminhão lida com diversos fatores de insegurança. E esses fatores também fazem provocam o desinteresse na profissão de caminhoneiro . O primeiro deles é a falta de locais seguros para parar e descansar após uma longa jornada de trabalho. São poucas as rodovias que oferecem espaços adequados para os motoristas pernoitarem. A maioria dos postos de serviços disponibilizam poucas vagas e muitas vezes cobram para permitir que o caminhão fique estacionado.
Outro fator significativo é a condição precária de boa parte das rodovias do País. Na 22ª edição da Pesquisa CNT de Rodovias. Nesta edição, foram avaliados 107.161 km, o que corresponde a toda a malha federal pavimentada e aos principais trechos estaduais, também pavimentados. Desse total 57% dos trechos avaliados apresentaram estado geral com classificação regular, ruim ou péssima. Esta situação está associada a problemas no pavimento, na geometria da via ou na sinalização.
Pesquisa recente realizada pela CNT que traça o Perfil do Caminhoneiro, entre os dias 28 de agosto e 21 de setembro de 2018 – mais de mil motoristas do todo o Brasil, sendo 714 são autônomos e 352 empregados de frota mostrou alguns pontos que não favorecem a profissão. Na liderança está a insegurança com 65,1%. Muitos profissionais reclamam da falta de ações para evitar o roubo de carga e de caminhão e de locais seguros para parar e descansar. Além da insegurança, outros pontos negativos são o desgaste (31,4%), convívio familiar comprometido (28,9%), pouco rentável (20%), solitária (18%) e rotina árdua de trabalho (13,1%).
Apesar do caminhão ser um item importante para a logística do País, a frota nas mão dos autônomos é antiga. Dados divulgados recentemente pela ANTT – Agência Nacional de Transporte Terrestre – com base no RNTRC – Registro Nacional de Transporte Rodoviário de Carga, mostram que atualmente o Brasil tem uma frota estimada em 1.746.124 veículos de cargas. Desse total, 648.751 unidades, cuja idade média é de 16 anos, estão nas mãos de autônomos. Ainda de acordo com a pesquisa, quando se trata da idade média da frota das empresas a idade média cai para 9,5 anos.
Mudanças na legislação, como o fim da carta frete, ajudaram a tirar esses profissionais da informalidade, porém, entraves como os juros praticados pelo mercado, instabilidade da atividade e preços dos veículos ainda desencorajam os pequenos transportadores a se arriscarem a enfrentar um compromisso financeiro que não tem certeza se conseguirá pagar. E assim, entra ano e sai ano, a frota em poder dos transportadores autônomos vai ficando mais velha e carente de renovação.
O fato prejudica a eficiência do trabalho por parte do motorista além de aumentar os custos com manutenção e até mesmo de combustível. Todos esses desafios também causam o desinteresse na profissão de caminhoneiro por parte dos jovens.
A rotina da profissão já fez muitos motoristas perderem momentos importantes da vida dos filhos, esposa e familiares. É comum em conversa na estrada escutar que o motorista não pode estar presente em datas importantes como formatura, aniversario, dia dos Pais, Natal e Ano Novo.
Esse é um dos motivos que faz a tarefa de trabalhar como motorista de caminhão estar longe de ser uma tarefa fácil. São dias longe da família, amigos e do conforto de casa enfrentando a falta de infraestrutura, de segurança, de pontos de paradas e altos custos para se manter na profissão. Carreteiros veteranos contam que no passado, enfrentar a saudade era ainda mais difícil, porque a comunicação dependia de telefones públicos, que não eram encontrados em todos os locais de parada.
O preço defasado do frete e o aumento de outros custos como o preço do diesel, dos pedágios, manutenção, pneus entre outros desfavorece principalmente o autônomo que é o dono do seu próprio negócio.
Quem vive do caminhão, principalmente o motorista autônomo, deve sempre avaliar o valor do frete e todos os custos da operação para decidir se vale a pena fazer o transporte. Isso porque, o jeito de conduzir o negócio é o principal pilar em qualquer tipo de atividade para que ela possa garantir algum resultado financeiro positivo.
Se antes era necessário anotar as despesas, controlar os gastos e avaliar melhor o frete, agora, nesse cenário de crise econômica, é imprescindível para conseguir sobreviver na profissão.
Fonte:ocarreteiro.